Câncer de mama
Para falar sobre o câncer de mama e a importância da prevenção, trouxemos um depoimento emocionante de quem já recebeu o diagnóstico da doença e se dispôs a compartilhar a sua experiência.
Sueli Diniz, descobriu a doença com 53 anos de idade. Através de seu relato, queremos trazer conforto a todas as mulheres que estão passando por este momento difícil.
Descoberta da doença
Eu fazia mamografia anualmente a pedido de minha ginecologista. Em 2007 ela suspeitou ter visto um nódulo e sugeriu que eu procurasse um mastologista. Mas eu recusei assimilar a informação e posterguei para o ano seguinte, já que organizava a festa de 15 anos de minha filha, Rúbia Maria. Estava feliz demais com os preparativos do evento e o benefício da dúvida me consolava.
No ano seguinte, fiz novamente a mamografia e ele estava lá, com média de 0,5mm. Indaguei a mastologista qual era a chance daquela imagem ser um câncer e ela respondeu que 90%. Achei absurda a resposta e sai decepcionada com a médica. Hoje eu sei que ela usou o seu conhecimento empírico, mas eu estava fragilizada demais para entender.
Emoção na hora da notícia
Saí tão desorientada que demorei um tempo para achar onde tinha deixado o meu carro, na área hospitalar. Chovia muito, então decidi parar na Av. Afonso Pena e marcar por telefone a consulta médica no mesmo dia. A outra mastologista que me atendeu teve compaixão e me disse que tinha que se investigar mais através da ultrassom. Com isso, voltei a ter o benefício da dúvida e meu coração se acalmou com a forma que foi dita.
Fui pra casa com a possibilidade de estar realmente com câncer de mama. Foi então que decidi não comentar nada com ninguém, nem com minha família. Pra mim o sinônimo de câncer era morte. Fazia pouco tempo que tinha sentido na pele o sofrimento e a morte de um primo em tratamento de um câncer de pulmão.
Tratamento da doença
Minha saga estava apenas começando. Fiquei outubro e novembro perambulando na área hospitalar fazendo exames e indo à médicos. Isso foi em 2008 e eu despedia de Belo Horizonte que, na época, era um canteiro de obras para receber a Copa do mundo em 2014.
Eu ficava olhando as pessoas nos pontos de ônibus, nas passagens de pedestres, nas calçadas e questionava Deus o porque que ele tinha me escolhido. E minha filha ? Tão imatura pra viver sem mim! O que seria dela sem as minhas orientações? Nesse momento eu chorava muito.
Apoio da família
Minha filha tinha o hábito de ir à noite pra minha cama e por lá adormecemos. Passei a não mandá-la mais pra cama dela, ficava uma boa parte da noite abraçada sentindo o cheiro do pescoço dela e imaginando… Então o dia amanhecia e eu agradecia poder ter passado aquela noite agarradinha à ela.
Então, acordei e contei pra minha mãe e depois para meu irmão que me deram o apoio necessário. Minha mãe orou muito pela minha cura. Um dia, quando acompanhava minha amiga a um exame de colonoscopia, senti que ela estava tensa e temerosa e enquanto aguardávamos na sala de espera decidi compartilhar com ela o que eu estava passando.
Ela ficou surpresa e com a reação positiva dela eu percebi que foi muito mais fácil contar, já não estava tão envergonhada, senti que ela queria me ajudar, já não me sentia tão culpada e aos poucos fui contando pra um e outro.
Primeira cirurgia para retirar o nódulo
Era dezembro e com a cirurgia marcada para janeiro decidi comemorar o natal com a minha família sem dar a notícia para a minha filha ainda. Eu não queria que ela sofresse com pensamentos ruins e decidi poupá-la. Depois que comecei a contar pra todos, eu fiquei bem melhor, fiquei aliviada. O natal e ano novo foi bom, embora preocupante.
Em janeiro, depois da saga de exames, fiz a primeira cirurgia. Foi retirado o nódulo o doutor deu uma ajeitada básica na mama… colocou ela do tamanho da mama esquerda. Ficou ótima e marcou pra eu voltar depois que retirasse o dreno para iniciar o tratamento.
Resultado da biópsia
Infelizmente, no final de janeiro, o médico analisou o laudo da biópsia e me disse: “Vou ter que te operar de novo!” Fiquei em choque, senti uma adrenalina no corpo inteiro, senti todo meu corpo formigar, estava sozinha e muito assustada, mas ele me consolou.
O médico me disse que a característica do tumor que deu em mim era multifocal, e poderia estar em outra parte da mama. Fiquei bem chateada, mas já marquei para fevereiro a outra cirurgia. Deu tudo certo de novo e então voltei na consulta para retirar o dreno e começar logo com o oncologista.
Mais uma cirurgia
E o doutor disse novamente: “Vou ter que te operar novamente, só que agora terei que fazer uma mastectomia!”. Fiquei péssima, arrasada! Mas em março fiz a mastectomia. Voltei pra casa triste, achei meu caso era gravíssimo. Lembrei do meu acordo com Deus e precisava estar bem até o final de 2010 para assistir a formatura de minha filha.
Quimioterapia
Enfim, estava pronta para a quimioterapia, mas o oncologista dizia que não havia necessidade e o mastologista dizia que sim. A amostragem de linfonodos sentinelas coletados na cirurgia estavam negativos. Tive que desempatar consultando outros oncologistas e acabei seguindo a sugestão do meu oncologista em não fazer nem quimo e nem radioterapia. Tomei tamoxifeno por 5 anos, e fui mensalmente ao oncologista e mastologista para ver se estava tudo bem.
Superação e agradecimento
Já faz quase 10 anos que estou curada do câncer de mama. Agradeço a Deus todos os dias! Ele tá me deixando por aqui bem mais que o acordado e eu vou tirando proveito de tudo que me é possível e permitido.
Agora vou vivendo por etapas, não faço planejamentos a longo prazo. Vivo intensamente os bons e os maus momentos, sou da teoria que o melhor lugar do mundo é aqui e agora!